

O Xadrez no século XVIII
O desenvolvimento do xadrez moderno acompanhou o desenvolvimento social na Europa de uma maneira bastante íntima. Da mesma forma que o surgimento do jogo moderno coincide com o renascimento e a transição para a era moderna o desenvolvimento durante o século XVIII tem seus paralelos com o Iluminismo. Era no café de La Regence em Paris que as ideias borbulhavam. Local frequentado por Voltaire e Roussea era o grande centro do xadrez.
Uma nova forma de pensar o xadrez fez surgir as primeiras noções de estrutura posicional surgiram os primeiros conceitos sobre estudo de finais e a necessidade de registrar os jogos de forma prática nas publicações fez surgir os métodos de notação.
O primeiro nome a ser lembrado é o de François Antony de Legall de Kermur, que dá nome ao famosíssimo mate de Legall. Legall foi o número um dos xadrez do mundo entre 1730 e 1755. Entre seus alunos havia um então jovem que se tornaria o mais famoso músico da corte de Luiz XV e que também se tornaria o melhor jogador de xadrez do mundo na segunda metade do século, Francois André Danican Philidor.
Em Londres o centro do xadrez girava no clube sediado no Old Sloutghter´s Coffee House situado na St Martin lane. O jogador de maior destaque era Sir Abraham Janssen um nobre britânico que foi membro do parlamento entre 1720 e 1722 Outro jogador de grande força e extrema importância era o sírio Philip Stamma. Sua reputação se faz pela autoria do livro Ensaio sobre o jogo de xadrez, publicado em 1737 na França e com tradução para o inglês em 1745. Nesse livro Stamma introduziu o sistema algébrico de notação um pouco diferente do atual, mas sem dúvida antes do sistema descritivo que se tornou mais popular por causa do livro que Philidor viria publicar poucos anos depois. Só com o Advento dos Computadores na segunda metade do século XX o sistema descritivo parou de ser usado e se tornou obsoleto.
Outro conceito trazido pelo livro de Stamma foi a necessidade da atenção para o final do jogo. Stamma era a natural de Alepo, atual Síria, então parte do Império Otomano. O xadrez ainda não tinha regras unificadas e o Oriente Médio ainda usava regras diferentes. Algumas fontes reputam a derrota de Stamma contra Philidor por ele ainda não ter a maestria na regra ocidental e que o Match não foi documentado com devido valor pelos biógrafos de Philidor. Philidor em viagem a Londres em 1747 enfrentou o clube local vencendo Stamma de forma arrasadora e também Sir Abraham Janssen por 4 a 1. Philidor apontou este último como o mais forte jogador inglês. Não fosse a biografia de Philidor, talvez o nome de Janssen nunca ficasse registrado na história do Xadrez, já que não há registro de suas partidas.



Em 1755 finalmente Philidor derrotou Legall num match. Se considerarmos a idade de Legal na época já com 53 anos o evento foi a sucessão de um grande campeão para outro. O jogo de Philidor era tão superior que ele sempre concedia algum tipo de vantagem ao oponente para dar interesse ao confronto. Foi o primeiro a realizar simultâneas às cegas.
Seu maior legado foi o livro Análise do Jogo de Xadrez de 1749 um dos primeiros tratados sobre o jogo o qual foi por mais de um século considerado como obra de referência no assunto sendo traduzido em diversos idiomas e republicado em quase uma centena de edições. Foi o primeiro a propor um plano posicional baseado numa estrutura de peões. Seu nome é lembrado na defesa Phiilidor e na clássica posição de final de torre e peão.
Sua carreira na música foi tão ou mais brilhante do que no xadrez. É considerado um dos criadores da Opera Comic Francesa. Era músico da corte de Luiz XV e entre os anos de 1750 e 1770 foi o principal compositor da França. Pela sua ligação com a família real e com a chegada da Revolução Francesa precisou fugir para a Inglaterra em dezembro de 1792 e lá permaneceu o resto de sua vida.


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